quarta-feira, 13 de novembro de 2024

interação dos genes não-alelos

 interação dos genes não-alelos 

A interação entre genes não alelos refere-se ao efeito combinado de dois ou mais genes diferentes (localizados em diferentes loci) que influenciam uma característica fenotípica, mas não estão envolvidos em uma relação alélica direta (ou seja, não são variantes de um mesmo gene). Esses genes podem interagir de maneiras diferentes para determinar a manifestação de uma característica.

A interação entre genes não alelos é um conceito importante na genética e pode resultar em fenótipos diversos, dependendo de como os diferentes genes afetam o mesmo processo biológico ou função celular. Esse fenômeno pode envolver vários tipos de interação, como epistasia, complementação genética, pleiotropia, interação gênica aditiva. 

Epistasia

A epistasia ocorre quando um gene (chamado de gene epistático) pode mascarar ou inibir a expressão fenotípica de outro gene localizado em outro locus. Ou seja, um gene em um locus pode interferir na expressão do fenótipo de um gene que está em um locus diferente, independentemente da interação entre os alelos desses genes.

  • Exemplo clássico de epistasia: No sistema de cor da pelagem de alguns mamíferos, a cor do pelo pode ser influenciada por dois genes: um gene para a cor do pelo (C para cor e c para sem cor) e um gene epistático para a presença de cor (B para pelo colorido e b para pelo branco).
    • Se um animal tem o alelo cc no gene para a cor, isso resultará em pelos brancos, independentemente do alelo do gene para a cor (B ou b), porque o gene para cor C é epistático e impede a expressão da cor.
    • Portanto, um animal com cc terá pelos brancos, independentemente dos alelos no gene B (que poderia ter os alelos BB ou Bb para pelagem colorida).

2. Complementação Genética

A complementação genética ocorre quando duas mutações que causam um fenótipo recessivo em dois indivíduos diferentes (ambos com a mesma característica fenotípica, como uma doença ou um defeito) podem ser restauradas a um fenótipo normal quando os dois alelos mutantes são herdados em combinação. Isso geralmente ocorre quando os genes estão em loci diferentes e ambos são necessários para a expressão de uma característica normal.

  • Exemplo: Em organismos difenotípicos (com diferentes formas de genes), se uma característica fenotípica (como a cor da flor) for determinada por genes em loci diferentes, dois mutantes com falhas em genes diferentes podem completar a função genética se forem cruzados. O fenótipo resultante pode ser o normal, mostrando que cada mutante possui apenas uma parte da informação genética necessária.

3. Pleiotropia

Pleiotropia ocorre quando um único gene afeta várias características fenotípicas diferentes. Isso acontece porque o gene pode ter efeitos em várias vias metabólicas ou biológicas, afetando diferentes aspectos do organismo.

  • Exemplo: O gene Marfan é um gene pleiotrópico, pois uma mutação neste gene pode afetar diferentes partes do corpo, como os ossos, os olhos e o sistema cardiovascular, resultando em uma síndrome conhecida como síndrome de Marfan. Ou seja, a mutação no mesmo gene pode levar a múltiplas manifestações fenotípicas.

4. Interação Gênica Aditiva

A interação gênica aditiva ocorre quando os efeitos de dois ou mais genes diferentes se somam de forma aditiva para afetar uma característica fenotípica. Em vez de um gene dominar ou inibir o efeito do outro, ambos os genes contribuem para o fenótipo de maneira incremental.

  • Exemplo: A altura humana é frequentemente influenciada por vários genes aditivos. Cada gene contribui de forma aditiva para a altura final do indivíduo, e o efeito combinado desses genes pode determinar a estatura de uma pessoa. Portanto, se um indivíduo herdar alelos que promovem o crescimento em todos os loci relevantes, ele será mais alto em comparação a um indivíduo que herda alelos que não promovem tanto o crescimento.

5. Interação Gênica de Supressão (ou Inibição)

Em alguns casos, um gene pode inibir a expressão de outro gene, não no sentido epistático, mas como uma forma de supressão. Isso pode ocorrer quando a atividade de um gene impede a expressão ou funcionamento de outro gene, mas sem que um gene se sobreponha completamente ao outro.

  • Exemplo: Em algumas espécies, a presença de um alelo recessivo em um gene pode inibir a expressão de outro gene relacionado a uma característica, mas isso não é um caso clássico de epistasia, já que ambos os genes estão influenciando o fenótipo de maneiras diferentes.

6. Heterose ou Vigor Híbrido

Embora não seja exatamente uma interação entre genes não alelos (no sentido clássico de genes localizados em diferentes loci), a heterose ocorre quando a interação entre alelos de diferentes pais (heterozigose) resulta em um fenótipo superior ou mais robusto. Essa interação genética pode ser considerada uma forma de interação entre genes não alelos.

  • Exemplo: Quando duas linhagens puras de plantas ou animais (com diferentes alelos) são cruzadas, o produto da combinação (o híbrido) pode apresentar características superiores (em termos de tamanho, vigor ou produtividade) em relação aos pais, devido a uma combinação favorável dos genes de diferentes loci.

A interação entre genes não alelos pode ser complexa e envolver diferentes mecanismos, como epistasia, complementação genética, pleiotropia, e interações aditivas. Esses processos não só ajudam a explicar a diversidade fenotípica observada em organismos, mas também fornecem a base para muitos estudos em genética, especialmente em áreas como genética de doenças, melhoramento de plantas e animais, e a evolução das características biológicas.

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