quarta-feira, 13 de novembro de 2024

aberrações cromossomicas estruturais

 aberrações cromossomicas estruturais

Aberrações cromossômicas estruturais referem-se a alterações na estrutura dos cromossomos, que podem envolver deleções, duplicações, inversões ou translocações de segmentos cromossômicos. Essas alterações podem ocorrer durante a divisão celular (meiose ou mitose) e podem ter efeitos significativos na saúde e desenvolvimento de um indivíduo, dependendo de qual cromossomo é afetado e da natureza da mudança estrutural.

As aberrações cromossômicas estruturais podem ocorrer em cromossomos autossômicos ou sexuais e muitas vezes resultam em distúrbios genéticos, com impactos que variam de doenças genéticas graves a assintomáticas (ou com efeitos leves). A seguir, vamos detalhar os tipos principais de aberrações cromossômicas estruturais.



Tipos de Aberrações Cromossômicas Estruturais

1. Deleção

A deleção ocorre quando uma parte do cromossomo é perdida, o que pode resultar na perda de importantes genes ou regiões genéticas.

  • Causas: A deleção pode ocorrer devido a erros durante a meiose ou mitose, ou a partir de fatores ambientais como radiação ou agentes químicos que causam quebras nos cromossomos.

  • Consequências: Dependendo do tamanho da deleção e dos genes envolvidos, a deleção pode causar uma série de distúrbios genéticos.

  • Exemplos de deleções:

    • Síndrome de Cri-du-Chat (Síndrome do Grito do Gato):
      • Causa: Deleção no cromossomo 5 (p braço, região 5p).
      • Características: O nome da síndrome vem do choro característico do bebê, que lembra o miado de um gato. Outros sintomas incluem deficiência intelectual severa, atraso no desenvolvimento, microcefalia e dificuldades motoras.
    • Síndrome de Williams:
      • Causa: Deleção no cromossomo 7 (na região 7q11.23).
      • Características: Déficit cognitivo leve, dificuldades com aprendizado e memória, características faciais distintivas, além de um comportamento sociável e problemas cardíacos (estenose da artéria pulmonar).

2. Duplicação

A duplicação ocorre quando uma parte de um cromossomo é copiada mais de uma vez, o que resulta em um excesso de material genético.

  • Causas: A duplicação geralmente ocorre durante a meiose ou mitose, quando um segmento do cromossomo é copiado e incorporado de volta ao cromossomo.

  • Consequências: A duplicação pode levar ao aumento da produção de proteínas ou à disfunção de genes devido à presença de cópias adicionais. Pode causar distúrbios genéticos se os genes duplicados forem importantes para funções celulares específicas.

  • Exemplo de duplicação:

    • Síndrome de Charcot-Marie-Tooth tipo 1A:
      • Causa: Uma duplicação no cromossomo 17 (envolvendo o gene PMP22).
      • Características: Afeta os nervos periféricos, levando a dificuldades motoras e perda de sensibilidade. Essa síndrome é uma das neuropatias hereditárias mais comuns, causando enfraquecimento muscular progressivo e dificuldade para caminhar.

3. Inversão

A inversão ocorre quando um segmento de cromossomo é quebrado e depois religado de maneira invertida. Ou seja, a sequência de genes na região afetada é invertida.

  • Causas: A inversão pode ser causada por quebras no cromossomo seguidas por um rearranjo durante a reparação. Em alguns casos, não há efeitos fenotípicos evidentes, mas pode ser uma causa subjacente de infertilidade ou problemas cromossômicos em descendentes.

  • Consequências: Se a inversão afetar um gene importante ou uma região regulatória, isso pode levar a distúrbios genéticos. Em outros casos, a inversão pode ser assintomática, não resultando em sinais ou sintomas, mas afetando a segregação cromossômica na meiose e podendo levar a descendentes com alterações cromossômicas.

  • Exemplo de inversão:

    • Inversão pericêntrica: Afeta uma região que inclui o centrômero do cromossomo.
    • Inversão paracêntrica: Não afeta o centrômero, ocorrendo em uma região fora dele.

4. Translocação

A translocação ocorre quando segmentos de cromossomos não homólogos se quebram e se unem em posições incorretas. Existem dois tipos principais de translocação: translocação recíproca e translocação robertsoniana.

  • Translocação recíproca: Envolve a troca de segmentos entre dois cromossomos não homólogos. Não há perda ou ganho de material genético, mas a reorganização pode causar problemas, especialmente se afetar genes importantes.

  • Translocação robertsoniana: Envolve a fusão de dois cromossomos acrocêntricos (cromossomos com centrômero próximo à extremidade). Este tipo de translocação pode resultar em um cromossomo fusionado e pode causar problemas como a síndrome de Down se envolver o cromossomo 21.

  • Consequências: A translocação pode ser assintomática para o indivíduo portador, mas pode causar problemas na meiose, resultando em descendentes com aneuploidias. Se o rearranjo afetar genes importantes, pode causar doenças genéticas.

  • Exemplos de translocações:

    • Translocação de Filadélfia: Assocada à leucemia mieloide crônica (LMC), a translocação ocorre entre os cromossomos 9 e 22, formando o cromossomo Philadelphia (Ph). Isso resulta na produção de uma proteína anômala (BCR-ABL), que causa a leucemia.
    • Síndrome de Down (Translocação 14;21): Em alguns casos de síndrome de Down, a trissomia do cromossomo 21 ocorre por translocação recíproca, onde uma parte do cromossomo 21 se funde a outro cromossomo, muitas vezes o cromossomo 14.

5. Isochromossomo

O isocromossomo ocorre quando um cromossomo perde um braço e o outro braço se duplica, de forma que ambos os braços do cromossomo sejam idênticos.

  • Causas: Resulta de uma falha na divisão do cromossomo durante a meiose ou mitose.

  • Consequências: Pode levar à perda de informação genética importante ou ao ganho de material genético duplicado, dependendo de qual braço foi perdido ou duplicado.

  • Exemplo:

    • Síndrome de Turner (quando ocorre isocromossomo do cromossomo X), embora mais rara, pode ser associada à perda de um dos braços do cromossomo X.

6. Anel Cromossômico

A formação de um anel cromossômico ocorre quando as extremidades de um cromossomo se unem formando uma estrutura em anel, geralmente após quebras nos dois braços do cromossomo.

  • Causas: Pode ser causado por danos nos cromossomos, frequentemente devido a radiação ou agentes químicos.

  • Consequências: A formação de um anel cromossômico pode levar a perda de genes importantes na região onde o cromossomo foi quebrado, o que pode resultar em distúrbios genéticos.

  • Exemplo: Pode ocorrer em síndromes genéticas raras, com efeitos que variam de moderados a graves, dependendo dos genes afetados.

Diagnóstico das Aberrações Cromossômicas Estruturais

O diagnóstico de aberrações cromossômicas estruturais pode ser feito por diversos testes genéticos, incluindo:

  • Cariótipo: Exame que permite observar os cromossomos em uma célula, identificando anomalias estruturais.
  • FISH (Hibridação Fluorescente in Situ): Técnica que permite detectar alterações cromossômicas específicas, como deleções ou duplicações, usando sondas fluorescentes.
  • MLPA (Multiplex Ligation-dependent Probe Amplification): Técnica molecular que pode identificar deleções ou duplicações em regiões cromossômicas específicas.

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